sábado, 12 de março de 2016

O desespero de Fernando Lima e o patrocínio a nova “Voz de África Livre” (1)

Está a circular nas redes sociais uma crónica intitulada “Sobre os Patrões Estrangeiros da RENAMO” escrita por Fernando Lima, PCA da Mediacoop empresa que gere o semanário Savana, publicada a 2 de Outubro de 1981.
Na referida crónica Lima denuncia os patrões da RENAMO como próprio título diz, e aponta a Rodésia, Pretória, Lisboa e o Malawi como patrocinadores daquilo que ele chama de “bandos armados contra-revolucionários”. Sobre este grupo, Lima revela que era composto por desertores da Frelimo, “desesperados setembristas”, alguns elementos das tropas especiais do exército colonial, grupos paramilitares, da polícia fascista entre outros.
Fernando Lima revela na crónica que os ingleses ordenaram o desmantelamento daquilo que ele considerava “operação MNR - RENAMO” bem como a programação da “Voz de África Livre” emitida a partir de Gwero, Fort Victoria e Untali. Lima denuncia as operações dos mercenários rodesianos na Beira, na destruição de depósito de combustíveis
Na mesma crónica Lima escreve que ”A «inteligência» rodesiana assessorada por Pretória, constituiu este grupo de agressão operacional, na perspectiva de persuadir o governo moçambicano, a moderar o apoio à luta nacionalista do Zimbabwe, que em 1976 ganhava um novo ímpeto. Da mesma forma procedem as novas entidades de tutela, banalizadas pelo vigor das cada vez mais audaciosas operações do ANC. Em 1979, as actividades destes grupos fazia-se sentir nas províncias de Manica, Sofala, Tete e Zambézia. Aqui, o apoio era proveniente do Malawi, onde é conhecido o espaço de influência de uma das personalidades chaves do «dossier Resistência» - o industrial português Jorge Jardim, estabelecido actualmente no Gabão”.
Esta crónica revela o carácter camaleónico de Fernando Lima, que querendo manter o seu protagonismo na cena mediática, busca novos refúgios e agora veste-se a assessor da RENAMO. Não cabe num juízo perfeito e normal, que alguém que tenha denunciado veemente a RENAMO por conhecer o dossier do seu surgimento, venha hoje dizer que a RENAMO tem razão. A RENAMO que ele denunciou na crónica que fazemos referência, é a mesma de hoje como mesmo líder e mesmos assassinos. Agora buscam, em conjunto os novos patrões.
O jornal Savana é uma espécie de “Voz de África Livre”, o canal que a RENAMO usou para fazer as suas acções de contra informação. Se voltarmos ao passado, veremos que os modus operandi são os mesmos e os objectivos são similares. O Malawi não é novo nesta estória de legitimação do banditismo da RENAMO, a própria crónica de Fernando Lima denunciava isso, aliás, ele denunciava tantos outros como passamos a citar ” A esta actividade está adstrita a procura de sensibilidades no exterior do continente, envolvendo movimentações nos meios conservadores e saudosistas de Lisboa, Madrid, Paris e Londres, onde assumem maior realce figuras como Orlando Cristina, Evo Fernandes ou mesmo Domingos Arouca.”
Estamos perante um novo recruta da RENAMO, que busca sobrevivência política sobretudo, garantindo aos bandos contra-revolucionários (estamos a citar o próprio Lima) que ele vai conseguir financiamento para esta operação.
Não iremos nos espantar se um dia o Fernando Lima voltar a si e dizer as verdades sobre a RENAMO, aliás este momento de confiança entre ambos, serve para ele beber da fonte e saber as verdades que irá usar para atacar a RENAMO no futuro. A verdade é que ele não tem nenhuma posição firme, tudo que faz é por mera questão de sobrevivência.
Antes a RENAMO amadurecer as suas relações com o Fernando Lima, devia ter consultado as grandes organizações que operam neste país que já foram vítimas de Fernando Lima (ser contratado para um trabalho e depois não fazer mesmo depois de receber dinheiro), por isso não é verdade que ele em credibilidade nos corredores diplomáticos, trata-se de alguém a era da falência que busca um refúgio e neste caso elegeu a RENAMO para se esconder, principalmente porque ele garante a continuidade do ”A voz de África Livre”, - aqui vai mais uma chamada de atenção se for útil, o Lima não paga salários aos colaboradores da “Voz de África Livre”, ali cada um investe na extorsão porque salário não há.
Silva Marcano

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